Nos últimos anos, o mercado financeiro brasileiro tem registrado um aumento no uso de instrumentos voltados ao fortalecimento do fluxo de caixa das empresas. Entre eles, a operação de risco sacado vem chamando atenção por permitir que fornecedores recebam valores de forma antecipada, ao mesmo tempo em que compradores mantêm seus prazos de pagamento.
O mecanismo, também chamado de confirming, tem sido utilizado em diferentes setores, especialmente em tempos de juros altos e necessidade de previsibilidade financeira.
Apesar do crescimento da prática, muitas dúvidas ainda rondam o tema. Um dos pontos mais comuns envolve a identificação dos principais agentes da operação: quem é o sacado e quem é o cedente dentro desse modelo? Entender esses papéis é essencial para compreender como a ferramenta funciona e por que ela se tornou uma alternativa estratégica para empresas e fornecedores.
O que é o risco sacado?
De maneira simplificada, o risco sacado é uma operação em que uma instituição financeira possibilita ao fornecedor a antecipação de valores que ele teria a receber de uma empresa compradora.
A diferença em relação a outras modalidades é que o risco de inadimplência não recai sobre o fornecedor, mas sim sobre a empresa compradora, considerada o sacado da operação. Essa característica garante taxas de financiamento mais competitivas e uma relação mais equilibrada entre as partes envolvidas.
Quem é o sacado?
O sacado, na prática, é a empresa compradora que adquire produtos ou serviços do fornecedor. É ela quem assume a obrigação de pagamento junto à instituição financeira que intermedeia a operação. Ou seja, quando o fornecedor decide antecipar o recebimento, a instituição financeira se baseia no risco de pagamento do sacado para definir as condições da transação.
Para as empresas que desempenham o papel de sacado, a operação traz vantagens importantes. Além de manter prazos de pagamento mais longos sem prejudicar os parceiros, esse modelo fortalece a cadeia de suprimentos, já que garante liquidez aos fornecedores. Ao mesmo tempo, o sacado consegue administrar melhor seu capital de giro, ajustando o fluxo de caixa às suas necessidades operacionais.
Quem é o cedente?
O cedente, por sua vez, é o fornecedor que emite a fatura ou nota fiscal para o comprador e, posteriormente, opta por antecipar esse recebível junto à instituição financeira. Ao ceder o direito de receber no prazo original, ele obtém acesso ao recurso de forma imediata, assegurando mais previsibilidade para suas finanças.
Nesse arranjo, o cedente abre mão de parte do valor em razão da taxa cobrada pela antecipação. Ainda assim, a operação é vantajosa em muitos casos, já que as condições são mais favoráveis do que em linhas de crédito convencionais. Isso ocorre porque o risco de inadimplência é atribuído ao sacado, geralmente uma empresa com maior capacidade de negociação e histórico de crédito mais sólido.
Qual a importância das instituições financeiras?
Entre sacado e cedente, há sempre a participação de uma instituição financeira, que financia a antecipação do recebível. É ela quem valida as condições, analisa a capacidade de pagamento do sacado e libera os recursos ao cedente. Esse modelo oferece segurança jurídica à operação e ajuda a reduzir riscos para todas as partes envolvidas.
Além disso, com o avanço das soluções digitais, muitos bancos e fintechs têm oferecido plataformas que tornam o processo mais ágil e transparente, ampliando o acesso de pequenas e médias empresas a esse tipo de ferramenta.
Tendência em expansão
Com a necessidade crescente de equilíbrio financeiro e de relações mais sustentáveis entre empresas e fornecedores, a operação de risco sacado deve se tornar cada vez mais comum no ambiente corporativo. O modelo permite que o sacado mantenha sua previsibilidade de caixa, enquanto o cedente garante liquidez e maior tranquilidade para gerir o próprio negócio.
Mais do que um mecanismo de antecipação de recebíveis, o risco sacado se consolida como uma ferramenta de cooperação entre agentes da cadeia produtiva. Ao compreender o papel do sacado e do cedente, as empresas podem avaliar com mais clareza se a modalidade faz sentido dentro de suas estratégias financeiras.