Publicado em 01/09/2020 às 15:15,
Com a frase “A carne mais barata do frigorífico é a do trabalhador, quantos mais terão que morrer para darem valor à vida?” estampada em banners, sindicalistas de Mato Grosso do Sul, estiveram na frente da empresa JBS S/A ontem (31), denunciando a falta de transparência da firma em seus dados e a burocracia para conseguir que ela atenda os pedidos realizados pelos representantes.
De acordo com informações, para conseguir que a empresa, nesta unidade, mudasse as normas de segurança e entregasse todos os dias uma máscara para os colaboradores usarem, foram mais de 10 reuniões pressionando a direção. No momento, eles estão pedindo para que o frigorífico faça o teste em todos os seus funcionários, distribua todos os EPI’s necessários, dê todo apoio e, principalmente, seja transparente em suas informações.
Os manifestantes cobram atitudes da JBS, pois de acordo com Vilson Gimenes Gregório (Representante da CUT), o judiciário do estado alega que quem deve testar em massa é o município e o município “joga” para a empresa, “enquanto isso, o trabalhador está à mercê do vírus”, disse em entrevista para o Noticidade.
“As informações não chegam no sindicato, você tem que procurar ou MP (Ministério Público) ou a Vigilância Sanitária, que também não repassa as informações, pedem um requerimento, uma burocracia danada, as informações ficam fechadas entre a empresa e a vigilância, o sindicato não tem acesso a essa documentação e muito menos as informações concretas do que acontece lá dentro dos setores do frigorífico”, denunciou Vilson. Ele também expôs que a empresa deveria aumentar mais um turno, contratar mais pessoas.
A direção do Sindaves relata que tem muita dificuldade para obter os dados concretos, entretanto, segundo eles, o ritmo da empresa continua acelerado, explorando a mão de obra. Os sindicalistas não estão com a intenção de aderir uma greve, mas há a possibilidade se for preciso.
Esteve presente na manifestação o presidente e vice-presidente do Sindaves (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Alimentação, Similares e Derivados) de Sidrolândia, Joel Santos Cruz e Sérgio Bolzan, representantes da CUT e presidentes do Sindicato de Bataguassu, Edinaldo Ferreira Araújo, e de Dourados, José Erivaldo Terrinha.
“Para vocês da imprensa, eles falam que estão cumprindo com todas as normas, mas na verdade, se eles estivessem cumprindo com todas essas normas, lá em Dourados não teria mais de 1.000 pessoas infectadas pelo covid-19”, disse o representante de Dourados, que recentemente entrou com uma ação na Justiça do Trabalho pedindo indenizações individuais de R$ 200 mil reais para cada funcionário que tenha sido contaminado pelo coronavírus.
O outro lado - Em nota, a JBS chamou as denúncias dos funcionários e sindicalistas de mentirosas. A Companhia reitera que a saúde dos colaboradores é sua prioridade absoluta e implementou um robusto protocolo para prevenção contra a Covid-19 em suas unidades. A utilização das máscaras por todos os colaboradores é obrigatória e obedece às recomendações técnicas dos órgãos de saúde e estão em total conformidade com a portaria conjunta nr. 19, de 18 de junho de 2020, dos Ministérios da Saúde, Agricultura e Economia do Brasil e demais órgãos normativos para o uso das mesmas.
