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Direção do cemitério nega ‘lotação’ e garante que não há irregularidades no local

Desde a semana passada, o cemitério municipal de Sidrolândia vem recebendo várias denúncias de mau cheiro e de que os túmulos estariam sendo construídos de maneira irregular, além da falta de espaço. A reportagem do Noticidade procurou o responsável pela administração do cemitério, ele negou que haja qualquer irregularidade.

Por telefone, o servidor público e chefe de setor, Erliston Quadros Soler disse que a construção dos túmulos obedece a legislação municipal, de acordo com ele, a cova é feita rente ao nível do solo, com profundidade de 5 a 10 centímetros, apenas.

“O procedimento é bem feito e segue às normas previstas na legislação municipal, isso que estão falando de mau cheiro não é verdade, convido a comunidade a vir no cemitério, o local recebe manutenção e limpeza diariamente”, destacou o servidor.

Erliston também garantiu que não há risco de faltar espaço no cemitério pelos próximos 7 anos, ele concorda que é preciso programar uma nova área, mas diz que não há motivo para pânico, “tem muito espaço aqui que pode ser aproveitado sem ocupar aquela área do fundo, eu fiz os cálculos, esse cemitério é grande tem seis hectares e ainda tem muito espaço vago, não há risco de faltar local para fazer os túmulos tão cedo”, afirma.

Ainda de acordo com o servidor, por ano em média 220 pessoas são sepultadas no cemitério de Sidrolândia, só neste ano de 2021 foram 103 sepultamentos.

Ao todo, o cemitério de Sidrolândia tem 14 funcionários, dois trabalham no administrativo, dois são coveiros e outros dois são pedreiros, o restante faz a manutenção geral, limpeza e dedetização, todos são servidores da prefeitura.

Outra visão - O advogado Joni Klei Florintino que reside em Sidrolândia e faz parte da direção do Sindef-MS (Sindicato das empresas do segmento funerário no estado de Mato Grosso do Sul), discorda da opinião da direção do cemitério, e disse que a construção dos túmulos da forma que está sendo feita é inadequada e futuramente dará problema estrutural, além dos já apontados pela própria comunidade em denúncias. “Penso que o procedimento feito hoje na construção das sepulturas ali não é ilegal, mas acredito que não é sanitário e outra coisa, nenhuma construção pode ser feita sem fundação, isso é básico, aquilo lá cedo ou tarde vai desmoronar tudo”, destacou.

De acordo com Joni que também é um dos sócios proprietários da Pax Bom Jesus, o sindicato apresentou para a Prefeitura em 2018 várias alternativas para solucionar o problema, inclusive sem causar impacto ambiental, com a possibilidade da construção de ala vertical com gavetas, onde o custo é baixo, é seguro e resolve a questão de espaço pelos próximos anos. Contudo, mesmo assim, nenhum planejamento foi apresentado pelo poder executivo.

Impacto ambiental - De acordo com o Conselho Nacional de Meio Ambiente, o formato adotado em Sidrolândia e na grande maioria das cidades gera impacto ambiental no solo e nos lençóis freáticos, pois o necrochorume (líquido que sai do cadáver no decorrer de sua deterioração) tende a ir diretamente para os lençóis freáticos, pois sequer existe barreira de concreto ou qualquer tipo de canalização do resíduo.

O necrochorume é composto de sais minerais, água, substâncias orgânicas degradáveis, grande quantidade de vírus e bactérias e outros agentes patogênicos. No necrochorume também podem ser encontrados formaldeído e metanol, usados no embalsamento dos corpos, metais pesados (nos adereços dos caixões) e resíduos hospitalares, como medicamentos. Para cada quilo de massa corporal, é gerado em torno de 0,6 l de necrochorume. Este líquido pode gerar contaminação das águas, do solo e do ar, caracterizando um problema de saúde pública.