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Maracaju é a única cidade do interior a contar com projeto de bombeiros voluntários

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Foto: Divulgação

O projeto Bombeiros Voluntários, que já popular em Campo Grande e conta com 91 profissionais atendendo na Capital, já está se expandindo para o interior do Estado, porém, até o momento, Maracaju é a única cidade do interior do MS que conta com 9 participantes do projeto que ajudam a cidade.

São médicos, enfermeiros, advogados, empresários, mecânicos, pessoas de variadas profissões cujo propósito é ajudar o próximo e, se necessário, correr riscos por ele.

O serviço voluntário na Corporação, além de oferecer à comunidade a chance de auxiliar diretamente este serviço público de vital importância, ajuda também na formação de uma cultura preventiva e reativa.

O bombeiro voluntário só não entra na chamada "Zona quente", ou seja, em caso de incêndio ele não entra no fogo (para isto é necessário treinamento mais apurado, feito apenas por profissionais).

Mas auxilia em todas as demais necessidades e urgências. Entusiasta do projeto por entender que o voluntário veio para somar, o Sargento Oliveira, que está há 20 anos atuando como bombeiro, diz que o voluntário está se dispondo a fazer o mesmo que os bombeiros, e se for necessário ele faz mais que a carga horaria prevista de 12 horas.

"Eles sabem o que devem fazer e até onde podem ir", afirma, frisando a importância da disciplina, atenção e hierarquia. Respeitar as ordens do comandante que está no serviço é vital, conclui.

Funcionário público, ex-cabo do Exército e músico amador, Irwing Ferreira, 35 anos, convive no universo solidário desde os 19 anos, quando iniciou seu trabalho como capelão no Hospital Universitário. Agora acumula com o trabalho de bombeiro voluntário que, segundo ele, significa apoiar a Corporação e fazer parte do cotidiano de salvamento, resgate e acolhimento. Profunda vontade de salvar vidas, este é o sentimento que influenciou na escolha de Ferreira. "O Corpo de Bombeiros é a instituição de maior prestígio no mundo todo", diz com orgulho, argumentando que a prática de voluntariado, por uma questão cultural, ainda é pouco exercida pelo brasileiro. "No primeiro mundo isto é muito mais valorizado", afirma.

Uma das mulheres que fazem parte o projeto, Luana Tognon tem apenas 21 anos de idade e é recém formada em técnica de enfermagem. Ela conta que a família deu a o maior apoio à sua decisão. Tanto que o pai resolveu se voluntariar na Banda. "Sempre fui apaixonada pela área Militar e ser Bombeira era um sonho de criança", explica Luana que gostava de assistir aos desfiles do 7 de Setembro, só para ver a passagem dos militares.

Totalmente integrada à equipe depois de 2 anos atuando com a corporação, Luana diz que foi muito bem acolhida pelos colegas. Sua primeira ocorrência, segundo ela, foi uma situação muito difícil psicologicamente. "Tivemos que atender um acidente de moto envolvendo uma criança de 9 anos, cujo capacete se perdeu na hora da batida", conta Luana explicando que na época tinha um irmão com a mesma idade do acidentado. "Foi inevitável não me lembrar dele enquanto cuidava daquela criança que, felizmente sobreviveu".

"Somos uma família"

O acolhimento da Corporação é mesmo essencial para o sucesso do programa. São homens, bombeiros militares, muitos na ativa há anos, que de repente vão conviver, ensinar e cuidar de pessoas sem experiência, com variadas idades e profissões.

"Eles no acolheram", afirma Irwing. Segundo ele, desde o soldado até o comandante são extremamente pacientes com os voluntários. "A corporação teve que se adequar ao Projeto por conta desta nova demanda", explica a Major Karolina, que atua no setor de comunicação.

Os voluntários, conforme disposto em Lei, não recebem nenhum tipo de auxílio financeiro. "A única coisa que eles recebem é o uniforme, explica a Major. A integração dos bombeiros militares e voluntários é extremamente harmoniosa. Para se ter uma ideia, muitos voluntários vão às suas unidades mesmo não estando de serviço.

Estão sempre por perto para qualquer eventualidade. "Somos uma família", reforçam. No dia a dia, todos seguem a mesma rotina. Cuidar do equipamento (com o máximo rigor) e aguardar as chamadas. O número 193 é o primeiro que vêm a mente das pessoas quando acontece algum acidente. Há dias em que não acontece nada. Mas o normal é atender de 60 a 70 ocorrências ao dia. Por isto a ajuda extra é sempre bem -vinda.

O projeto tem ainda um ganho extra na sociedade. Isto porque o voluntário multiplica a prevenção na sua família e na sua comunidade. Vira referência. "Todo mundo no bairro sabe que a gente pode ajudar em diversas situações", diz Irwing.

A major explica também que o treinamento é muito eficiente, até mesmo para quem nunca não é da área de saúde. A paixão pelo trabalho é tamanha, que a maioria já está estudando para o concurso dos Bombeiros. E a julgar pelo número de mulheres no voluntariado, a Corporação que hoje tem apenas 10% do seu contingente do sexo feminino, este quadro pode mudar.

"A mulher, por instinto, é mais cuidadora. Ela esquece da sua dor para ajudar o outro", atesta a Major Karoline que há 14 anos faz parte da Corporação. "O sentimento de pertencer à algo maior é uma das coisas que mais impulsionam a carreira e o voluntariado". Por enquanto a Corporação não está treinando novos voluntários e a fila de espera á grande. (Com informações do Enfoque MS)