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Sem-terra fazem ameaças e querem chefe do Incra na usina de Bumlai

Cerca de 200 membros do MSTB (Movimento Sem Terra do Brasil) ocupam na manhã desta segunda-feira (27) a Usina São Fernando, em Dourados - distante 233 km de Campo Grande. A invasão, iniciada nas primeiras horas do dia, teve embate entre funcionários da sucroalcooleira e trabalhadores do movimento.

Na recepção da empresa e no refeitório há vidros quebrados e, segundo os sem-terra, funcionários da área da caldeira, que está em funcionamento, receberam o grupo armados, mas não há detalhes sobre o enfrentamento.

|Não vamos sair daqui enquanto o presidente nacional do Incra não vier conversar. Se a polícia não aguardar negociação vamos avançar|, revelou um dos líderes do movimento, Vanildo Elias Oliveira, conhecido como Douglas.

Baseados em um decreto do extinto MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), os sem-terra querem a desapropriação da propriedade, que de acordo com o decreto, destinaria para a reforma agrária as terras de grandes devedores da União.

Com dívida superior a R$ 50 milhões, os sem-terra exigem três áreas para reforma-agrária em Mato Grosso do Sul.

|Queremos três fazendas para reforma agrária, seguindo o decreto, queremos a São Marcos, a Santa Inez, que fica em Rio Brilhante e também é da família Bumlai e a Adorfato, localizada em Ribas do Rio Pardo|, adianta Douglas.

Instalados na Fazenda São Marcos, de propriedade da família Bumlai desde o último dia 20 - terceira invasão desde o final de 2015, os sem-terra alegam que na sexta-feira (24) funcionários da São Marcos desmancharam os barracos e usaram uma retro-escavadeira para derrubar e enterrar as sobras do material. Eles alegam ainda que uma viatura da polícia acompanhou.

|Não deram nem cinco minutos para o pessoal tirar suas coisas. Eles vão provocar uma grande desgraça se invadirem aqui e atirarem contra o nosso povo|, disse Douglas, avaliando possível intervenção da polícia no conflito.

O outro lado - Advogado da usina São Fernando e Fazenda São Marcos, André Carvalho Pagnoncelli, informou que a invasão é arbitrária e que determinação judicial datada de 6 de março de 2017 considera ilegal qualquer invasão às áreas. 

|São pessoas comprometidas com a desordem. Eles não cumprem determinação judicial e esperamos que ainda hoje, com apoio da polícia, a lei seja cumprida e sejam retirados de lá|, informou o advogado.

No momento, viaturas da Polícia Militar e do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) estão no local.

Clima é tenso no local, neste momento, tenente coronel Givaldo, da Polícia Militar, tenta negociar com os manifestantes. Ele pediu para o grupo recuar de dentro da usina para o lado de fora e para que eles recolham álcool e pedaços de pano que o grupo utiliza na ameaça de atear fogo no local, mas os sem-terra se recusam sair da usina e fortaleceram a barricada.

O tenente-coronel informou que se o grupo não recuar, a PM irá retirar os manifestantes do local.

Campo Grande News