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Morre cachorro da PRF que ajudou no resgate de empresária que se perdeu em milharal

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K9 Apache dando um "lambeijo" no rosto do amigo Thiago Cunha (Foto: Arquivo pessoal)

No dia 16 de junho de 2017, chegava ao fim a busca pela empresária Thais Regina Souza Valadares, de 39 anos, que estava desaparecida desde o dia 14 em um milharal na zona rural entre Sidrolândia e Maracaju, em uma região onde não havia sinal de celular e era afastada de estradas, ela foi encontrada após longa procura que contou com o apoio de um cão farejador da PRF.

Farejador de primeira, K9 Apache foi amigo e herói na PRF (Polícia Rodoviária Federal), em Campo Grande, por ter participado de diversas operações, incluindo a busca pela empresária que foi um sucesso em Sidrolândia.

Esperto, ele entrou para a corporação com cinco meses de vida e, por conta do tamanho, característica da raça Bloodhound, ganhou o apelido de “Grandão”. Mas no dia 4 deste mês ele foi embora, morreu aos quatro anos de idade e deixou saudade.

“Chorei muito. Ainda estou aceitando. Ontem mesmo tive insônia pensando nele. Eles [cachorros] fazem parte da nossa família. Só quem ama um cão consegue entender esse sentimento”, diz o policial Thiago Cunha, companheiro de K9 no trabalho da PRF.

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Grandão sempre na frente farejando e Thiago segurando o amigo (Foto: Divulgação)

O corpo do animal foi encaminhado para exames necroscópicos que vai apontar a causa da morte. O resultado, conforme o policial, deve sair em 45 dias. A PRF divulgou uma nota em forma de agradecimento pelos serviços realizados pelo amigo de quatro patas.

Grandão era parceiro para todas as horas. Animado, ele conseguia melhorar o dia dos companheiros de farda. Com aparência meio enrugada, língua pra fora, ele soube ajudar, do jeitinho dele.

Foi Thiago que doou o Grandão à Corporação para o projeto de busca e captura por pessoas escondidas em áreas de mata. Ele sempre teve contato com cães. “Desde criança. Meu pai já criou Pastor Alemão e Doberman. Sempre tivemos cães de todos os tamanhos em casa, de raça, sem raça definida, bravos, mansos, pra mim é natural trabalhar com cães”.

A ligação entre os dois começou em um canil em Campinas- SP, e foi amor à primeira vista. Thiago comprou o cão e o “batizou” de K9 Apache. Ainda filhote, o trouxe para Campo Grande e o treinou para as missões. “Era o condutor e o treinador principal. Mas todos os integrantes da equipe colaboraram com a sua formação. Fiz curso na PME/SP [Polícia Militar do Estado de São Paulo] para esta atividade, participei de alguns seminários e palestras nos EUA [Estados Unidos da América]”.

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Thiago segurando Grandão na ponta esquerda, ao lado de outros policiais (Foto: Arquivo pessoal)

“A modalidade dele era de busca por odor específico, ou seja, eu apresento um artigo da pessoa (pode ser roupa, boné, relógio, etc) e o cão busca por aquele cheiro. A própria raça já possui uma característica para este tipo de trabalho. São muito usados em caça na Europa”, explicou.

Com aproximadamente dois anos, Grandão iniciou as operações e logo na primeira, ajudou a encontrar a empresária Thais Regina Souza Valadares que ficou perdida em um milharal, em Sidrolândia por três dias. “Ele ainda estava em treinamento, mas ajudamos nas buscas da moça. Ele estava indo muito bem na trilha quando recebemos a informação que os bombeiros a haviam encontrado no meio da plantação”. O caso aconteceu em junho de 2017, e a missão foi cumprida com sucesso.

Fora do serviço, Grandão gostava de bagunçar. “Era um cão de personalidade única. Brincalhão, divertido. Não tinha pessoa que não se encantasse pelo Apache”, lembrou o policial.

Grandão e Thiago trabalhavam juntos de três a quatro vezes por semana. Sempre que chegava no canil, seu parceiro de quatro patas se animava. “Os cães no geral ficam muito agitados quando chegamos no canil. Sabem que as atividades do dia vão começar. Temos uma escala para atividades e operações. Nos dias em que eu não estava, ele era cuidado pelo tratador, que cuida dos nossos cães com muito carinho”.

O que fica são as lembranças dos bons momentos que passaram juntos. Recordações daquele companheiro fiel, dos "lambeijos" e dos olhos tristonhos de Grandão. A saudade aperta, mas também conforta por saber que virou uma estrelinha brilhante no céu.

Agora, a PRF conta com seis cães treinados, um para busca de pessoas e cinco para farejar drogas, armações e munições.

Homenagem - A partida do amigo fiel comoveu os policiais, que estão se organizando para homenageá-lo em um painel. “A ideia foi coletiva, mas ainda não temos data porque queremos um mural na nossa unidade para homenageá-lo. Vamos colocar também os cães falecidos dos antigos condutores que já se aposentaram”. (Com informações do Lado B – Campo Grande News)