Publicado em 10/09/2020 às 14:03,

Com inflação, tradicional linguiça de Maracaju dispara e varia de R$ 38 a R$ 55 reais na região

Suélen Duarte - Noticidade ,
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Divulgação

Nos últimos dias, os brasileiros têm sentido no bolso a valorização do dólar, além disso a entressafra, a demanda de outros países e a pandemia também contribuíram para que houvesse aumento dos preços dos alimentos, principalmente da carne. Em Maracaju, Campo Grande e Sidrolândia não foi diferente, a tradicional linguiça de Maracaju que é uma iguaria bastante consumida, por exemplo, sofreu grande impacto.

A economista do IPF-MS (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio-MS), Daniela Dias, explicou a equipe de reportagem do Noticidade, que neste período do mês é normal os preços aumentarem, isto porque a seca acaba atingindo diversas produções e como é necessário mais recurso, seja para o pasto ou criação do gado, consequentemente tem o aumento dos preços.

“A gente tem umas categorias que precisa considerar, tanto de carne bovina, quanto de carne suína, as duas também detiveram um aumento inflacionário, então a gente já tem aumento específicos nesse período mais seco, também temos exportações bastante significativas, tanto de grãos tanto de carne natura, então os alimentos podem ficar mais caro no estado”, disse. De acordo com ela, devido a demanda, acabamos importando ou até comprado de outras unidades federativas e até mesmo de outros países, tudo isso interfere. 

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“Tivemos alguns aumentos específicos para algumas modalidades de corte de carne bovina, alguns cortes tiveram aumento de 15%, são valores bastante expressivos que acabam interferindo nos derivados desses produtos que, no caso, a linguiça, que é um produto um pouco mais processado”, informou.

Em Maracaju, o preço do quilo da tradicional linguiça, com os reajustes, chega a R$ 48,00 reais. A mais barata, a equipe encontrou por R$ 38,00 reais.

Em março deste ano, o preço girava em torno de R$ 28 reais o quilo na cidade que é responsável pela produção da iguaria.

Atualmente em Campo Grande, o preço do quilo chega a custar até R$ 55 reais com média geral de R$ 48,90.

Em Sidrolândia, a média é de R$ 37 reais e de março até o mês passado também custava em média R$ 28 reais.

Um dos empresários, que possui um açougue em Maracaju, Adão Correa, conversou com a equipe do Noticidade e afirmou que a matéria prima está chegando mais cara e por enquanto realizou reajustes, mas ainda está segurando os preços. “Esse aumento começou agora, não sabemos o que vamos fazer ainda, pois sobe todo dia, por enquanto estamos segurando os preços, mas fica complicado, vamos precisar economizar e como não dá para economizar energia, fica complicado”, disse ainda que haviam contratado novos colaboradores, mas com a inflação há a possibilidade de reduzir o quadro. “Vamos ter que tomar atitudes, é difícil dizer hoje, a minha preocupação é o ano que vem”, declarou.

O Procon/MS se uniu a entidades nacionais para cobrar providências em relação à alta de preços da cesta básica, visto que é necessário a intervenção do poder público, para conter os frequentes aumentos. De acordo com o Procon, a Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados apresentou uma planilha demonstrando a evolução dos preços de produtos agrícolas no mercado interno que, nos últimos 12 meses, chegou a 118,4% como é o caso do arroz. A mesma planilha mostra que, nesse período, o dólar passou por variação de 36,3%.

A realidade é que o brasileiro está competindo, em desvantagem devido a cotação do câmbio, pela soja, milho, carne, pelo frango, que inclusive, apresentaram alta de exportação de 11% no mês de agosto, alcançando mais de 362 mil toneladas, conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). No ano passado, foram exportadas cerca de 325 mil toneladas no mesmo período.

A ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), em nota, afirmou que é contra às práticas abusivas de preço, que impactam negativamente no controle de volume de compras, na inflação, e geram tensões negociais e de ordem pública. A ABRAS comunicou à Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, sobre os reajustes de preços dos itens citados acima, com o intuito de buscar soluções junto a todos os participantes dessa cadeia de fornecedores dos produtos comercializados nos supermercados.