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Comércio varejista já demitiu 70 mil pessoas em Campo Grande, diz CDL

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Divulgação

Com a crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), alguns setores têm tido impactos negativos. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL-CG) aponta que, na Capital, 70 mil trabalhadores do varejo foram demitidos neste período. O efetivo em Mato Grosso do Sul pode ser de 20% do total de empregados.

A Câmara aponta que o varejo de Campo Grande empregava 320 mil pessoas antes da pandemia. Na primeira quinzena de março, o setor já havia registrado queda de mais de 50% nas vendas. A partir do dia 19 de março, os comerciantes fecharam as portas por conta do decreto da Prefeitura Municipal, como medida de prevenção e combate à Covid-19.

De acordo com o presidente da CDL-CG, Adelaido Vila, é um momento muito difícil para empresários e colaboradores. “As demissões calculadas até o momento são em torno de 70 mil só no setor do varejo. É um número muito significativo, porque a média empresa não está conseguindo acessar as facilidades que o governo federal está oferecendo de financiamento. Com as dificuldades de acesso ao crédito, a solução para o empregador é dispensar seus funcionários”.

Para a presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de MS (FCDL-MS), Inês Santiago, o número pode ser ainda maior após a reabertura do comércio, programada para segunda-feira (6).

“Nossas empresas estão demitindo cerca de 25%, em média, isso de empregos já perdidos. Muitos são funcionários que foram contratados temporariamente, contratados mais recentemente ou aqueles que entraram em dezembro. O que preocupa é que, mesmo agora, com o comércio voltando a funcionar, não temos garantias. Como a retomada deve ser lenta, teremos mais demissões, principalmente daqueles que têm 40, 50 funcionários. Não é porque o empresário quer, é pela situação mesmo, não vai ter condições”, explicou Inês.

No Estado, não há um número fechado pelas entidades que representam o comércio. No entanto, o presidente da CDL adiantou que o total de colaboradores do varejo em Mato Grosso do Sul chega a 780 mil, que resultaria em mais de 150 mil desempregados.

“Desses, acredito que a média vai seguir Campo Grande e teremos uns 20% de desligamentos”, informou Vila.

MEDIDAS

A economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, explica que ainda é muito precipitado estimar um número exato de demissões no setor. “Estamos tendo comportamentos completamente distintos. A única informação que a gente tinha é de que em torno de 25% a 30% dos empresários já pretendiam demitir. Mas temos aquela outra pesquisa do Sebrae que aponta que 38% conseguem sobreviver por um mês e que 57% precisarão de empréstimos. Se tivermos mais demissões, só teremos isso no próximo mês”.

A Medida Provisória (MP) nº 936/2020, publicada no Diário Oficial da União esta semana, permite que durante o estado de calamidade pública os empregadores reduzam de forma proporcional a jornada de trabalho e os salários, suspendam temporariamente o contrato de trabalho e o pagamento de Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, uma espécie de complementação financeira, pelo governo, na celebração de acordos específicos.

Para a economista, é importante que as medidas anunciadas pelo governo federal sejam de fato executadas, para que números mais precisos sejam expostos.

“Essas medidas amenizam esses impactos. Por exemplo, o pagamento de parte da folha de salários tende a contribuir positivamente para esses empresários, pelo menos para amenizar esses impactos. Então, eu vou reduzir a sua renda, mas o governo federal vai pagar uma parte e, por isso, eu acredito que falar dessas definições ainda é precipitado, visto que a gente não teve a reabertura efetiva do comércio”, explicou Daniela Dias.

O presidente da CDL diz que o setor está tentando minimizar o número de demissões e que a MP 936 deve ajudar a amortizar o impacto. “Estamos tentando reverter esses números, orientando esses empresários a tentarem segurar ao máximo seus funcionários, dando férias e criando os mecanismos. Inclusive, em cima da medida provisória a gente está buscando isso”, ressaltou Vila.